Sábado, 16 de Agosto de 2025
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) está expandindo suas ações nos Estados Unidos para apoiar empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, em entrevista à TV Brasil, enfatizou o compromisso do governo federal em auxiliar as empresas impactadas e em persuadir as autoridades americanas a revogar ou, ao menos, atenuar as tarifas.
Viana destacou o Plano Brasil Soberano, que destina R$ 30 bilhões às empresas nacionais prejudicadas, e a inauguração de um novo escritório da ApexBrasil em Washington, D.C.
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“São R$ 30 bilhões que criam um ambiente de seguro, de empréstimo, de diminuição de carga tributária, exclusivamente para empresas que foram alcançadas pelo tarifário. Nós também estamos marcando presença, esticando o nosso escritório de Miami para Washington, já temos em Nova York e em São Francisco”, disse nesta sexta-feira (15).
O presidente da ApexBrasil mencionou que o governo brasileiro estabeleceu parcerias com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) e com setores que importam produtos brasileiros, visando fortalecer a pressão sobre a Casa Branca para a exclusão de mais produtos do tarifaço.
Para Viana, se o tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil tivesse sido motivado por questões comerciais, a situação já estaria resolvida. Ele também afirmou que as exigências dos Estados Unidos para revogar as sanções ferem a soberania do Brasil.
“Não tem como ter ação política nesse caso, quando as condições que estão sendo colocadas pelo presidente dos Estados Unidos ferem a soberania do Brasil. [O presidente estadunidense] está querendo fazer uma interferência em um poder, no caso, o judiciário brasileiro, e isso é inconcebível. Se fosse uma questão só comercial, já estava resolvida”, disse.
Viana descreveu a relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil como “extraordinária, fantástica, para eles” e “boa para nós”. Ele ressaltou que uma das estratégias brasileiras será se aproximar dos empresários americanos importadores de produtos nacionais.
“Nós não queremos desistir desse comércio. E para não desistir, nós temos que também trazer para o nosso lado os importadores que ganham muito dinheiro com os produtos brasileiros que chegam lá. Isso vale para o café. Vale para produtos como a carne, que está encarecendo nos Estados Unidos porque o rebanho deles caiu muito”.
O presidente da ApexBrasil declarou que outra estratégia será a busca por novos países compradores dos produtos brasileiros, e que a agência já mapeou novos mercados.
“Tem mercados para a gente colocar do café ao calçado. Nós já estudamos mais de 108 mercados, há setores que podem ter novos mercados em 72 países”, disse.
Segundo Viana, os novos mercados identificados são “bastante significativos” para absorver os produtos que estão deixando de ser importados pelos Estados Unidos devido ao tarifaço.
“Nós achamos que os setores atingidos, fazendo trabalho de participação em feiras, eventos, e trazendo compradores para o Brasil, nós vamos encontrar compradores para uma parte desses 18 bilhões de dólares [em exportações do Brasil para os EUA], que é a fatia que está sendo alcançada pelo tarifaço”.
O presidente da ApexBrasil afirmou que o Brasil está bem preparado para enfrentar a crise com os Estados Unidos e que pode encontrar novas oportunidades em meio aos desafios. Segundo Viana, em uma guerra comercial, todos perdem, mas “às vezes perde mais é quem provocou a guerra”.
“O Brasil está muito bem para enfrentar essa crise. Numa guerra comercial, que eu acho que é isso que está sendo feito pelos Estados Unidos, todo mundo perde. Mas, às vezes, perde mais quem provocou a guerra. [O Brasil tem] o BRICS, o Brasil tem uma ótima relação com a Índia, com a China, com a Rússia. Temos amizade com todos os países, inclusive com os Estados Unidos”.
“Todo mundo perde, mas quem melhor aproveitar as oportunidades pode sair melhor dessa crise”, acrescentou.
Dados da ApexBrasil indicam que, de janeiro a março deste ano, o Brasil exportou US$ 77,3 bilhões em bens, um valor ligeiramente inferior aos US$ 77,7 bilhões do mesmo período de 2024. O saldo comercial foi positivo em US$ 10 bilhões.
Os principais produtos exportados foram petróleo bruto, soja, minério de ferro e café verde, com destaque para o aumento nas exportações de bens industrializados, incluindo máquinas e aparelhos elétricos.
Em relação aos principais destinos das exportações brasileiras no primeiro trimestre, destacam-se China (US$ 19,8 bilhões), União Europeia (US$ 11,1 bilhões), Estados Unidos (US$ 9,7 bilhões) e Mercosul (US$ 5,8 bilhões), com destaque para a Argentina, com um aumento de 51%.