Sexta, 19 de Setembro de 2025
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou uma queda significativa de US$ 300 milhões na exportação de alimentos industrializados em agosto, o que equivale a uma redução de 4,8% em comparação com julho. Este declínio é atribuído, principalmente, ao aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
De acordo com o levantamento da ABIA, as exportações totais em agosto somaram US$ 5,9 bilhões. No entanto, as vendas para os Estados Unidos caíram para US$ 332,7 milhões, representando uma queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% em comparação com agosto de 2024.
O aumento das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros é um fator crucial para explicar essa queda. Além disso, a antecipação de embarques em julho, antes da entrada em vigor da taxação, também contribuiu para o resultado negativo em agosto.
Os produtos mais afetados pelas tarifas americanas foram açúcares (com uma queda de 69,5% em agosto em relação a julho), proteínas animais (-45,8%) e preparações alimentícias (-37,5%).
João Dornellas, presidente executivo da ABIA, destacou que o desempenho das exportações nos últimos dois meses evidencia uma clara inflexão. O crescimento expressivo de julho foi seguido por um ajuste em agosto, principalmente nos EUA, impactados pela nova tarifa. Ele ressaltou a importância de diversificar os parceiros comerciais e aumentar a capacidade de negociação do país.
Enquanto as vendas para os Estados Unidos diminuíram, houve um aumento substancial nas vendas para o México, que comprou um total de US$ 221,15 milhões (3,8% do total), principalmente de proteínas animais.
Segundo a ABIA, o avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais. No entanto, a associação ressalta a necessidade de monitoramento para identificar se esse movimento terá caráter estrutural ou apenas conjuntural.
No total, os mexicanos compraram 43% a mais de produtores brasileiros em agosto, sendo o mercado que mais aumentou a participação no período.
A ABIA estima que o impacto mais expressivo será sentido no acumulado do ano. A previsão é de que as vendas de alimentos atingidos pelo tarifaço para o mercado norte-americano acumulem, entre agosto e dezembro, uma queda de 80%, com uma perda acumulada de US$ 1,351 bilhão.
A China, o maior comprador de alimentos industrializados do Brasil, adquiriu US$ 1,32 bilhão em produtos, um aumento de 10,9% em relação a julho e de 51% em relação a agosto de 2024. A fatia chinesa representa 22,4% do total exportado em agosto deste ano.
O mercado externo representa 28% do faturamento do setor.
Já os países da Liga Árabe reduziram em 5,2% as compras em agosto em relação a julho, que somaram US$ 838,4 milhões. A União Europeia importou US$ 657 milhões em alimentos, uma redução de 14,8% sobre julho e de 24,6% quando comparado com agosto de 2024.
De janeiro a julho de 2025, as exportações gerais totalizaram US$ 36,44 bilhões, representando uma queda de 0,3% no mesmo período de 2024, em razão da diminuição de produção do açúcar na entressafra.
A indústria de suco de laranja, setor que não foi taxado, teve um crescimento de 6,8% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, e uma queda de 11% frente a julho, em razão da antecipação de embarques.
A indústria de alimentos registrou, em julho, 2,114 milhões de postos de trabalho formais e diretos. No comparativo interanual, foram criados, de julho de 2024 a julho de 2025, 67,1 mil novas vagas, o que representou um crescimento de 3,3%.
Neste ano, foram 39,7 mil empregos diretos novos e outros 159 mil postos abertos na cadeia produtiva, em setores como agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.