Uma mulher foi libertada de um caso de cárcere privado na terça-feira (15), no bairro Jardim Colibri, em Campo Grande. Segundo vizinhos, ela não era vista há aproximadamente um mês. "Mesmo quando saía de casa, andava de cabeça baixa e sempre acompanhada do marido. Ela apanhava e tinha a cabeça raspada, porque não podia ter cabelo longo", relatou uma moradora. O agressor monitorava a vítima o tempo todo, utilizando câmeras de segurança, e acabou preso.

Moradores da região, que preferiram não se identificar por medo do homem, disseram que a mulher só aparecia em público na companhia do companheiro. "Ela não tinha chance de pedir ajuda. Raramente ia ao mercadinho da esquina, mas sempre cabisbaixa e sem parar para conversar", contou uma testemunha.

A vítima, mãe de sete filhos, era proibida de usar contraceptivos. "Tomava remédios escondida. Mesmo grávida, só ia ao posto de saúde com ele", revelou outra vizinha. Além disso, ela não podia trabalhar e passava os dias trancada em casa, cuidando das crianças.

Violência contínua

As crianças, vistas ocasionalmente na rua, chegavam a relatar as agressões sofridas pela mãe. "Há dois anos, uma vizinha comprou chinelos para elas, e ele bateu na mulher por isso. As próprias crianças contaram: 'Papai bateu na mamãe porque a senhora nos deu chinelos'", detalhou uma residente.

A vítima também era privada de comunicação — não tinha celular e não podia interagir com outras pessoas. "Ela nunca usava roupas curtas, só calças e blusas de manga comprida. Nem isso ele permitia", descreveu uma moradora. Outra lembrou um episódio de oito anos atrás: "Ele espancou e raspou sua cabeça. As crianças sabiam e contavam tudo".

A mulher vivia com o marido e os filhos em uma casa monitorada por câmeras. Após denúncias, a polícia investigou e obteve um mandado de busca e prisão. Durante a ação, encontraram um revólver calibre 38 escondido no quarto e um sistema de vigilância com áudio.

Segundo a polícia, o homem ameaçava matar a vítima e sua família caso ela denunciasse as agressões. "Ao ver os agentes, ele tentou fugir, mas foi preso e responderá por cárcere privado, lesão corporal, violência psicológica, doméstica e posse ilegal de arma", informou a nota oficial.

A mulher, de 37 anos, e os filhos foram encaminhados à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e receberam apoio da Casa da Mulher Brasileira.

·         Com informações do Campo Grande News